quinta-feira, 24 de abril de 2008

O Ultimo discurso...

O último discurso

de “O Grande Ditador”

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

terça-feira, 15 de abril de 2008

"O diário de um homem grávido" - Um pai de primeira viagem









Indo "violentamente" contra a natureza e razão de ser deste blog, hoje em especial, abro um parêntesis. Crio aqui uma seção que diferentemente das outras, não vai expressar nenhum tipo de revolta, repúdio, indignação...etc, etc, etc...nada disso. Especialmente hoje, nesta data, abro minha contagem regressiva, para de acordo com nossas previsões, daqui há mais ou menos trinta dias, abrirmos (quando falo no plural, refiro-me à minha esposa e eu) um parêntese ainda maior: o nascimento de nossa primeira filha. Desde o momento em que soube, nunca parei para pensar e transformar em palavras a alegria que tenho sentido por esse momento pelo qual estou vivendo - especialmente por me tornar pai em breve. De certo que não é das tarefas mais simples expressar em palavras um sentimento tão grande, tão sublime, tão único e que estranhamente, por mais feliz que me encontre não possa definí-lo. Mas, posso falar da minha expectativa, dos planos que são meus, mas que não são pra mim, são pra ela - e que sei que nem deveria estar pensando assim, em planejar a vida de uma outra pessoa. E, na verdade não o farei. Vou me limitar a fazer planos para que essa pessoinha que está chegando, possa ter todas as condições de realizar seus próprios planos. E, aí sim, entra sem dúvida o dedo dos pais. Como todo bom pai (e este será sem dúvida uns dos meus maiores desafios - ser um bom pai), quero o melhor para meus filhos. Resta-me a árdua missão de fazer o possível e o impossível para que isso ocorra. Mas, deixemos de lado esses "detalhes técnicos".Falemos agora da parte boa - da babação, dos mimos, da minha testa que franze sempre que um engraçadinho me chama de sogrão (risos/testa franzida já). Como disse, o nosso parto está previsto para daqui a trinta dias, mais ou menos. E, a esta altura, a ansiedade já começa a dar as caras, mas tudo bem, sou do tipo que não perde a calma nem o controle - verdade que nunca tive um filho antes, mas... Acredito que não será tão difícil assim daqui até o grande dia. Já compramos algumas coisas que serão necessárias de imediato, na verdade a mãe dela comprou mais coisas, mulher se envolve mais nesses casos, né...Mas, dadas as "condições orcamentárias", eu estou sempre de olho em algo que ela possa vir a precisar (ela a bebê). Mas, homem é totalmente sem noção nesses casos (ou pelo menos eu sou - confesso). A palavra de ordem para mim tem sido "fraldas descartáveis" e "leite em pó"...elas não saem da minha cabeça. Mas, como sempre a mulher tem mais razão nesses casos, e eu estou sempre ouvindo a voz da razão - que nesse caso, atende pelo singelo nome de Josana Duarte. Se bem que eu poderia muito bem estender a analogia a inúmeras outras coisas - ela literalmente tem sido a minha razão maior. Elas têm sido. Não. Elas são. Fico aqui me perguntando como será a experiência de ser pai - ainda mais pra mim que tendo a dar sempre uma dimensão maior às coisas do meu cotidiano - se bem que desta vez, é a melhor coisa a fazer. Esta é minha prioridade, está é a minha palavra de ordem, hoje. Ana Beatriz.
Uma pessoa que ainda nem chegou aqui, do lado de fora, mas que já me trouxe sem dúvida alguma inúmeras mudanças.
Bom, é isso aí.
A título de introdução desta seção e para um eventual esclarecimento para o "o diário de um homem grávido", acho que já está de bom tamanho. A princípio, só penso em relatar as coisas mais importantes em relação a este artigo nos próximos trinta dias (na verdade até o nascimento e alguns dias depois) que virão.
Fico por aqui.


Jefferson R. Lima - Um pai de primeira viagem

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Quando eu partir...




Quando eu partir, vou por inteiro...
meu olhar, minha voz, meu sorriso, meu cheiro.
Quando eu partir, vou sem remorsos, vem remexer em ossos.

"Cada um tem um tempo determinado para marcar sua passagem aqui nesta terra, nesta vida. Talvez, nessa época eu não tenha feito tudo aquilo que deveria, mas tenho que confessar...EU FUI FELIZ. Fui feliz o máximo que me fora permitido ser: Amei ( até o último momento, o último suspiro, até a uma gota de vida que havia em mim), . E como sorri com meus amigos, ora deles, ora com eles e oras de mim mesmo. Tentei (sei que não o suficiente, talvez, talvez pudesse ter feito mais) ajudar e servir aos outros. Sem distinção nem interesse. Sem esperar recompensas nem agradecimentos...simplesmente o fiz. E como fazia parte dos "planos", pequei.


Quando eu partir, não quero choro, nem tristeza. Muito menos desespero. Isso tudo passa. Quero sim é ter perto de mim aqueles que sempre estiveram comigo: família, amigos, enfim...minhas maiores paixões.

Quando eu partir, não é pra sempre...
Porque " o pra sempre sempre acaba" - como dizia aquela canção.

Quando eu partir, não vou chorando, vou sorrindo...como um menino que pregou-lhe uma peça.

Quando eu partir, não deixo nada. Levo comigo a saudade, levo comigo as lembranças. Partirei por inteiro, mas algo de mim fica aqui. No sorriso solto à toa, no brilho opaco no olhar, também nas minhas mazelas, por que essas não quero levar.

Quando eu partir, tudo bem...eu parto sem me queixar, pois parto pra estação onde no mesmo trem que eu partir, um dia vou te esperar.





Por:
Jefferson R. Lima


segunda-feira, 7 de abril de 2008

Meu País...by Zé Ramalho






Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo



Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram - se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país
Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país
Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país
Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio - x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o Brasil em mil Brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país


Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo