quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Você vai morrer!!!

Não, isso não é uma ameaça!
É apenas uma constatação óbvia. Que aliás, você já sabe mesmo que evite o assunto.

"(...) Cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, por que tudo o que é vivo, morre(...)" O Auto da Compadecida - Ariano Suassuna.
Creio que não deva existir reflexão ou epitáfio mais suscinto e simples que o acima citado.

A morte é um mal irremediável, inevitável, involuntário e intransferível. Ela é a irmã gêmea da vida, que nasceu logo depois desta. E que encerra o parto. Esta aqui desde o começo também. É velha conhecida. É como aquela pessoa chato que não foi convidada pra festa, mas que você sabe que cedo ou tarde, ela aparecerá, e literalmente, acabará com a festa mesmo.

O temor que se tem da morte é infundado, haja visto que sabemos que ela vem. Nossa cultura é que não trabalha o nosso sub, o in e o consciente para "aceitá-la". Por que mesmo antes de adentrar em qualquer questão de cunho religiosa ou espiritual, a morte é fisicamente o fim de tudo. Não considerando que ela não acaba com a matéria, só que a animação dos nossos corpos, etc. Por isso, tem-se tanto medo de coisas que aparentemente nos levariam à morte. Pular de pará-quedas, passar num rua qualquer do Rio ou de São Paulo, nadar com tubarões...
Tudo isso acontece por que temos medo da morte. E, pensando nisso, vivemos nossas vidas de forma limitada, tentando protelar algo que não está ao nosso alcance. Que não nos compete. E agindo assim, não vivemos a plenitude das coisas. Vivemos com medo de morrer, e morremos sem saber o que é a vida. Alguns seres "iluminados", conseguem ter a consciência de que a passagem aqui é rápida, e de posse dessa informação direcionam sua vida para uma busca espirítual pelo transcendente. Outros (a grande, grande maioria), simplesmente vai andando enquanto a areia da ampulheta da vida vai se esgotando. Não temer a morte, mesmo sabendo que ela vem não é tarefa das mais fáceis. E não é só saber que "um dia ela virá". É fácil dizer que não se teme a morte quando se tem uma vida saudável...mas, qual será sua reação diante de exame de HIV positivo, ou de um câncer maligno no estômago ou pulmão, ou de a constatação de que "o bandido vai atirar"?
A morte é algo crucial para a vida. Na verdade, é a morte quem dá a definição e a significação para a vida...O que seria dessa mundo se todas as pessoas "vivessem felizes para sempre"? Viver para sempre certamente não seria algo posivitivo para ninguém. Não há sentido em se "viver para sempre". Nada é para sempre ou eterno. Alguém já disse isso antes? Claro que sim. Milhares de vezes até, e continuam a dizer e continuarão assim até que os fins dos dias cheguem. Por ignorarem ou tratarem a morte como um tabú, as pessoas sentem-se impotentes diante desta quando ela se faz presente. Não querem aceitar a separação de seus entes queridos, sejam eles quem forem e tenham eles a idade que tiver. Mortes pré-maturas, mortes anunciadas, mortes desejadas.
Morte. Isso é tudo que nos é dado como certo nessa vida.
E só depois de ceifar toda a vida existente, é que ela deixará de existir.