quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Você vai morrer!!!

Não, isso não é uma ameaça!
É apenas uma constatação óbvia. Que aliás, você já sabe mesmo que evite o assunto.

"(...) Cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, por que tudo o que é vivo, morre(...)" O Auto da Compadecida - Ariano Suassuna.
Creio que não deva existir reflexão ou epitáfio mais suscinto e simples que o acima citado.

A morte é um mal irremediável, inevitável, involuntário e intransferível. Ela é a irmã gêmea da vida, que nasceu logo depois desta. E que encerra o parto. Esta aqui desde o começo também. É velha conhecida. É como aquela pessoa chato que não foi convidada pra festa, mas que você sabe que cedo ou tarde, ela aparecerá, e literalmente, acabará com a festa mesmo.

O temor que se tem da morte é infundado, haja visto que sabemos que ela vem. Nossa cultura é que não trabalha o nosso sub, o in e o consciente para "aceitá-la". Por que mesmo antes de adentrar em qualquer questão de cunho religiosa ou espiritual, a morte é fisicamente o fim de tudo. Não considerando que ela não acaba com a matéria, só que a animação dos nossos corpos, etc. Por isso, tem-se tanto medo de coisas que aparentemente nos levariam à morte. Pular de pará-quedas, passar num rua qualquer do Rio ou de São Paulo, nadar com tubarões...
Tudo isso acontece por que temos medo da morte. E, pensando nisso, vivemos nossas vidas de forma limitada, tentando protelar algo que não está ao nosso alcance. Que não nos compete. E agindo assim, não vivemos a plenitude das coisas. Vivemos com medo de morrer, e morremos sem saber o que é a vida. Alguns seres "iluminados", conseguem ter a consciência de que a passagem aqui é rápida, e de posse dessa informação direcionam sua vida para uma busca espirítual pelo transcendente. Outros (a grande, grande maioria), simplesmente vai andando enquanto a areia da ampulheta da vida vai se esgotando. Não temer a morte, mesmo sabendo que ela vem não é tarefa das mais fáceis. E não é só saber que "um dia ela virá". É fácil dizer que não se teme a morte quando se tem uma vida saudável...mas, qual será sua reação diante de exame de HIV positivo, ou de um câncer maligno no estômago ou pulmão, ou de a constatação de que "o bandido vai atirar"?
A morte é algo crucial para a vida. Na verdade, é a morte quem dá a definição e a significação para a vida...O que seria dessa mundo se todas as pessoas "vivessem felizes para sempre"? Viver para sempre certamente não seria algo posivitivo para ninguém. Não há sentido em se "viver para sempre". Nada é para sempre ou eterno. Alguém já disse isso antes? Claro que sim. Milhares de vezes até, e continuam a dizer e continuarão assim até que os fins dos dias cheguem. Por ignorarem ou tratarem a morte como um tabú, as pessoas sentem-se impotentes diante desta quando ela se faz presente. Não querem aceitar a separação de seus entes queridos, sejam eles quem forem e tenham eles a idade que tiver. Mortes pré-maturas, mortes anunciadas, mortes desejadas.
Morte. Isso é tudo que nos é dado como certo nessa vida.
E só depois de ceifar toda a vida existente, é que ela deixará de existir.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Até quando, meu Deus?

Para aqueles que costumam "passar" por aqui, uma breve ressalva: não tenho me dedicado muito ao blog pois, apareceram outras digamos, prioridades. Mas, não significa que abandonei o meu refúgio espiríto-virtual, de forma alguma. Bom, daí, você me pergunta: "Se está sem tempo, então o que está fazendo aqui agora?".

Estou escrevendo hoje, pra tentar fazer o que muitas e muitas pessoas estão fazendo, nesse momento. DESABAFAR, BUSCANDO EXPLICAÇÕES, DEIXANDO A ALMA CHORAR...

Eu sinceramente, não sei como expressar o sentimento de dor que se alojou em meu peito de sábado pra cá.

Estou tentando entender o "como", o "porquê", procurando alguma explicação que justifique o que aconteceu.

Não é a primeira e não será a última vez que uma pessoa inocente perde a vida assim de forma tão prematura. Sim, eu me refiro à menina Eloá. E de modo geral, a todas as "Eloás", assim como a todas as "Isabelas". Vidas seifadas , sonhos roubadas, famílias destruídas, amigos separados.

POR QUÊ?

Alguém no mundo poderia responder a essa pergunta?

Não venham, por favor, dizer que "Deus quis assim". Ele certamente não queria ver tanto sofrimento entre seus filhos, como a milênios tem visto.

Deus dará o conforto e a força necessária para seguir em frente...por que por mais desumano e frio que possa parecer isso, a vida continua (mesmo quando gostaríamos sim, que ela acabasse).

E, a quem culpar agora?

A Lindembergue?
A Polícia?
A Nayara?
A própria Eloá?

Do que adianta achar culpados?

Isso nunca resolveu nada mesmo. Pra esse tipo de coisa não existe justiça - ou você acha que é "justo" simplesmente punir alguém em troca da vida de outro? Justo seria não ter acontecido.

Isso me faz pensar que este mundo não tem mesmo mais volta.
Em nome da paz, faz-se guerras...

Em nome do amor(?), semeia-se a dor e posteriormente o ódio.
Acredito que no seu coração também reside agora, aquela sensação de incompreensão e uma certa incerteza, como no meu reside.

Nada há a se fazer, a não ser chorar, secar as lágrimas, engolir calado, se revoltar, abraçar uns aos outros em busca de força, se sentir a menor criatura do universo, à mercê das circunstâncias, impotente ante a face fria e silenciosa da morte...e, após tudo isso, tentar não recomeçar, mas resistir e seguir em frente.

Minha primeira e última homenagem, a uma pessoa que já mais conheci, mas que já deixou sua marca em minha vida:







"É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade, não há" - Renato Russo - Pais e Filhos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Não dá pra ser feliz, não dá...


Entregue à própria sorte, nessa selva, onde a lei é a do mais forte, indefeso, carregando todo o peso. O homem não consegue suportar. Não sabe como lidar com a vida que a vida lhe dá. Está de mãos e pés atados, incapacitado de fazer o que é capaz. Jaz morto-vivo no mundo. Reduzido a vagabundo. Sem poder sorrir, sem poder sonhar, sem poder... Sempre no mesmo lugar. Sem trabalho, sem sustento, sem moral. Rendido, ao relento, feito um animal.


"Eu vejo que ele berra, eu vejo que ele sangra. A dor que tem no peito, pois ama e ama...Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz..."


O destino testa a sua paciência instigando o seu instinto de sobrevivência. Vergonha, estresse, medo. Engolindo seco, respirando azedo, o bicho-homem atrás de migalha. O homem-máquina precisando de batalha. Desativado, vivendo de favor. Lutador que não pode jogar a toalha. Tentando manter sua dignidade. À procura de uma oportunidade. Na guerra contra o tempo tá ficando tarde. Inocente cumpre pena num sistema covarde.


"Guerreiros são pessoas tão fortes, tão frágeis...Guerreiros são meninos no fundo do peito...Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz..."


O homem, bicho, domesticado, se vê desesperado se vê sua ração no mercado, mas não pode pagar. E vê sua razão sem saber o que falar, e a necessidade lhe dizendo pra comer, custe o que custar: matar, morrer..."O homem também chora..."O homem não é fera, foi jogado fora, foi violentado em seu direito de viver. Vive sem vontade, morre sem saber. Perde o equilíbrio, cai. Se destrói. E o mundo se distrai. O mundo se desfaz com tanta disputa e faz que não escuta a sua voz que diz:"O que será que eu fiz? Só tenho cicatriz...Não dá pra ser feliz" "O homem se humilha se castram seus sonhos. Seu sonho é sua vida e vida é trabalho, e sem o seu trabalho o homem não tem honra. E sem a sua honra, se morre, se mata. Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz..."

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A(o) senhor(a) e-leitor(a): VOCÊ.

Caros leitores e caros "e-leitores", cá estou de novo. Por gostar de estar aqui, e também por aquela necessidade absurda que tenho de me expressar, nem que seja para a linguagem matemática do computador que transforma em visual tudo aquilo que não vemos por trás da mágica da tecnologia computacional, etc.



Mas e então amigos, e do que quero falar agora?

Ora bolas, do que só se fala ultimamente nos quatro cantos deste país, e que se falará ainda mais nos próximos, sei lá, 50 dias. Sim, sim, acertou quem disse: E L E I Ç Õ E S ! ! !



Eu não sei o que acontece, mas, pensou que fiquei menos impaciente com todo aquele processo que se vive nessa epóca - visto que me refiro do ponto de vista de quem desde os 9 anos de idade, viveu dentro desse meio. Parece que minha paciência ou melhor, minha ociosidade não quer mais saber de processo eleitoral nenhum, pelo menos não agora. Sinto que nunca estive tão desligado da politica de Couto em toda a minha vida - e olha que tenho motivo pra estar "a mil", tendo um pai candidato. Mas, não se preocupe, caro amigo e-leitor, apesar de já ter feito indiretamente, não vou ficar fazendo lobby pra ninguém. Nem mesmo fazer menção alguma a candidato algum, seja quem quer seja. Meu negócio é 'mazelar'. Isso sim, eu faço e farei. Mas, não dá pra não mexer nos personagens dessa história, dá?


Bom, nomes ou siglas, eu não falarei.

Mas, já participei de digamos "uma reunião e meia" de uma mesma sigla partidária aqui, nesses ultimos dois dias. Já pelo que vi, deveria mesmo era ir pra casa ler um livro, sei lá. Mas, não posso deixar esse momento passar. Então, resolvi que pelo bem da imparcialidade e da igualdade de condições, vou participar das reuniões (pelo menos uma vezinha) das outras agremiações partidárias. Mesmo sabendo que vou sofrer bastante [:(].


Tudo bem, ninguém falou que seria fácil.

Mas, voltando às duas primeiras reuniões... Minha sincera opinião é: F O I T R I S T E ! ! !


Só se salvou realmente o último homem a falar - que quem mora aqui sabe quem é, não é mesmo?!!!

Mas, o nível (via de regra sempre foi assim) dos candidatos está muito baixo (sempre estará). Seja na oratória, seja na postura em frente ao público ou no contexto das coisas que se fala (já que não se fala em projeto, pelo menos). Esse negócio é complicado de se analisar, mais ainda de se comentar. Os "riscos" de se sair arranhado aqui são enormes. Estamos falando da falta de eficácia/talento (termos usados aqui para abrandar os "adjetivos") dos candidatos, muitos deles, amigos meus, familiares, conhecidos, colegas de trabalho, enfim... gente que vejo praticamente todo dia, e que pelo menos até antes de publicar esse artigo, me dava muitissimo bem. Mas, também a preocupação nem é pra tanto, eles estão muito ocupados para sequer imaginar que tenha alguém opinando sobre isto. E além do mais, "quem está na chuva é pra se molhar", e tá todo mundo querendo se molhar nesta chuva.


Fico me perguntando às vezes, o que esse povo faz ali com o microfone na mão, e pior ainda, o que eles estão fazendo ali na política - por que político é que eles não são.


Acho que estou meio exaltado hoje. Por favor, ponderem um pouco as minhas palavras - eu devo estar "naqueles dias de TPFI - Tensão Por Falta Intelectual". Mas, não dá pra eu fechar os olhos, "deixar pra lá", dizer que eu não tenho nada a ver com isso (tem gente que ao ler isso pode até pensar "nossa, quem esse cara pensa que é pra falar assim?") Pra começar eu sou eleitor - vamos nos prender a essa definição mínima. E claro que eu tenho a ver, e claro que você tem a ver também. Por que depois que passa a eleição, aí "babau".
Aí, fica mais difícil retroceder, contornar uma situação.
Penso comigo mesmo "do que adianta, se pudesse mudar aquelas caras, quais as caras que poderiam estar ali?". É fato. Falta "material humano". Falta gente capacitada, "gente boa tem demais, sempre". O que se precisa ali é gente que realmente possa unir o útil (ser um bom agente político) ao agradável (entender o papel da política e gostar dela).
Isso é pedir demais?
Possivelmente sim. Por isso é que quero, não pedir, mas, fazer um apelo: Não votem no candidato (que é diferente de político) bonzinho, só porque ele é "bonzinho". Como disse, o meio político tá cheio de "gente boazinha", mas que não entende como fazer as coisas acontecerem, nem conseguem ver como o futuro está se desenhando. Não votem no seu tio, só porque ele é o seu tio. Porque ele ainda continuará sendo seu tio pelo resto da vida. Mas o "titio", pode não saber o que é bom para o futuro dos seus sobrinhos, nem dos sobrinhos dos outros.
Se você acha que terá problemas de consciência por não votar em alguém, então pense na sua consciência amanhã, quando o candidato que você ajudou a eleger, nem ao menos lembrar que tem uma.
E se não pudermos eleger o melhor, ou, os melhores...então, votemos ao menos naqueles que possamos julgar "menos ruins".
Algumas coisas devem ser substituídas em relação à forma como as pessoas vêm a política. Não adianta odiá-la, porque ela sempre estará ali. O melhor a fazer é tentar mudá-la. Fazer parte, dar idéias, questionar, criticar. Deixar o estado inerte que se vive enquanto cidadão para ocupar o seu lugar de direito na sua sociedade. Ser uma pessoa ativa e participativa.
Reivindicar seus direitos. Valorizar o esforço feito pela geração anti-ditadura, que queria por tudo ver o dia em que as pessoas pudessem ser livres para escolher. Mas, não omissas nem indiferentes com aquilo que se conquistou a duras penas.
Essa é a história da política de Couto Magalhães, que não por acaso, é igual à história de um todo um país.
Tenha uma boa reflexão e uma boa e-leição.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Carta a um amigo


Caro amigo Jefferson,

Como é bom poder falar com você, já a muito tempo eu anseava por esse momento. Por essa oportunidade. Nossa e quanto tempo se passou. Olha só você, como está. Apesar de eu estar sempre por perto, e tê-lo acompanhado crescer, vê-lo assim é sempre um bom susto.


Vejo que você se transformou num homem grande homem, de personalidade, de respeito e caráter e que a cada dia, tenta ser uma pessoa melhor. Mas, vejo também que apesar de tudo, você ainda continua o mesmo. E sinceramente amigo, eu não sei dizer até aonde "continuar o mesmo", no seu caso, seja algo bom.

Não que tenha algo errado com você, com as coisas que faz ou pensa, não é isso. Mas, é que o mundo anda tão complicado, velho amigo que sinceramente, não sei se existe muito espaço para pessoas assim como você.

Mas, ainda assim, é admirável olhá-lo, e ver que mesmo sendo você uma pessoa comum como qualquer outra, você ainda assim, consegue de certa forma se sobressair.

Mas, caro amigo, não se engane.

Para seu próprio bem você deveria mudar, ficar mais forte, e mais cético em relação a tudo a sua volta. Ser mais cuidadoso, mais responsável, mais duro, e por quê não, mais seletivo com os amigos. E como já dizia nosso amigo Che guevara, "hay que endurecer, pero sin perder lá térnura jamás".
Como disse, tenho o acompanhado à distância, e visto como tem vivido e, reagido aos obstáculos que a vida lhe impoem. E como seu maior mentor já lhe disse antes, você ainda é muito ingênuo, amigo.
Mas, uma coisa é certa. Você se tornou um homem de bem, e de fé. Fé nas suas crenças, nos seus ideiais. E se não tenha talvez, a força para realizá-los, ao menos os ostenta a todo instante e os entoa como um mantra sagrado, e assim as pessoas o vêm como você realmente é. Pois nosso valor está naquilo que somos, e não naquilo que temos.

Penso que você deva amadurecer mais. Encarar a vida com mais seriedade - a vida é uma batalha constante (e como diz o ditado: "a vida é dura pra quem é mole"), mesmo sabendo que no final, a morte vence a todos - mas não estamos aqui para vencer a morte, certo? Estamos aqui por um motivo desconhecido de nós próprios, e o que nos resta a fazer é dar a nós mesmos um motivo pra estar aqui - Mesmo sendo um motivo passageiro. Mas o mundo de hoje não dá lugar para tanta tranquilidade, tanta serenidade e passividade com as coisas do dia a dia - seja mais energico, mais dinâmico. Faça acontecer. Ponha-se em primeiro plano, amigo. E traga para o primeiro plano aquilo em que você acredita. Não se importando com as consequências, que sei que você deve sempre pensar nas consequências que seus atos podem ou não causar, não é?
Você sabe o quanto a vida é dura, e infelizmente, você descobrir que ela é mais dura ainda do que parece, e vai chorar muito. Mas, as lágrimas caem e secam. "Simples assim".

A vida, não é um paraíso, e você sabe. Mas não precisa e nem será um inferno. E sabe também que mais dia menos dia, terá que agir de acordo com as regras do "jogo", com aquilo que a realidade dos nossos tempos nos exige.

Mas, como disse, a vida também não é tão ruim assim, não é mesmo?


E, olhando pra sua vida, vejo que aos poucos, no ritmo que você escolheu, você tem conseguido aquilo que sempre almejou. E vai conseguindo sempre aquilo que deseja, a seu modo. Às vezes me pergunto se você está certo. Às vezes, acho que você se engana. Certo é que você não está "parado" na estrada da vida. E à força, vai construindo sua própria história, e a julgar pelo seu modo de ser, do modo mais difícil possível.

Ah,
Vejo que você constituiu família.
É marido.
É pai.

PARABÉNS!
Espero que tenha encontrado uma pessoa como você queria. Espero também conhecer sua família um dia, velho amigo.
Tá aí. Mais uma situação para você aprender e melhorar como ser humano. FAMÍLIA.
Aprenda essa lição. A família é tudo o que temos na vida. E não há nada de mais valioso, embora que às vezes, extramente delicado/complicado, os momentos em família com certeza são os melhores momentos que podemos ter.

Você parece meio confuso às vezes, mas, parece saber de algo que lhe garanta sempre esse semblante sorridente (e em certos pontos debochado) na cara.
Parece que você "se encontrou" no curso de filosofia. Não deve mais falar "coisa com coisa", já não falava antes, agora então...(risos). Mas, cuidado amigo (ser "amigo do saber" pode ser muito perigoso), cuidado com o seu ego, cuidado com a vaidade e a presunção (essas são armadilhas prontas a lhe surpreender). Lembre-se de Sócrates: "Só sei que de nada sei".

Ah, vi também que você se interessou muito por política. Não chega a ser uma surpresa, para quem "cresceu" nesse meio. Mas, crescer nesse meio não o fez igual aos que comumente (vide jornais e cidades no seu cotidiano) compartilham. Na imensidão do universo ideológico (que também pode ser apenas uma semente querendo germinar) que é a sua cabeça, imagino que você deva destetar as coisas como são hoje. Mas, isso não é um privilégio seu. Se você vivesse num lugar onde as idéias são compartilhadas e postas em prática, já daria pra visualizar você correndo da polícia no meio de alguma manifestação nas "Brasilias da vida"...(risos). Certamente você tentaria mudar as coisas junto com os que dividem desse sonho - de um mundo melhor.

Ah, querido amigo, CUIDADO.

Não aposte todas as suas fichas nesse sonho. A política é suja, vil, traiçoeira. Não desperdiçe seu tempo, sua vida, suas forças tentando mudar algo que é praticamente imutável (não levando em conta que ela sempre muda pra pior - façamos justiça, não é a política, são as hordas que dela fazem uso, isso sim). Ataque por outras frentes, continue com seus estudos (mas os leve a sério de verdade, se dedique), leia mais, produza, descubra, invente. Assim, você poderá deixar algo de bom para que vier depois de você.

Mas, não vá por um caminho que já sabemos onde vai dar, certo.

Fora isso, você ainda é o mesmo bobalhão de sempre, né. Sempre sorrindo, sempre "perdendo o amigo, mas salvando a piada". Tudo bem, cara feia não paga conta mesmo.
Mas lembre-se, não finja que está tudo bem. E não finja que você não tem nada a ver com o que acontece à sua volta. Quando temos a capacidade de perceber certas coisas, automaticamente somos responsáveis pelo caminho a que certas coisas podem nos levar na vida.
Espero que esta carta não lhe aborreça - ao contrário, lhe dê forças para ir além e não lhe desistimule em seus projetos de vida, que se bem o conheço - são projetos consideráveis.
Bom, bola pra frente.

E, por último amigo, achei legal a idéia do "blog". Acho que era isso que você precisava mesmo. Algo a mais a que se dedicar.

Mas, sinceramente. Você tem muito o que melhorar, cara. Lembre-se disso. Sem essa de achar que a vida é um filme e que você é o ator principal - se a vida é um filme, somos todos coadjuvantes.

Foi boa a idéia de expor seus pensamentos, mas, os exponha com propriedade, com argumentos, com segurança, com conhecimento de causa - esse é um conselho que lhe dou. E, não pense que as pessoas não lêem o que você escreve aqui só porque não comentam - Prepare-se para as críticas que virão, aí mesmo na sua cidade. E acredite, se lhe jogarem flores (elogios), saiba que em muitas delas haverão também espinhos (críticas). Você tem muita coragem em se expor assim, mesmo sendo na internet, o mundo de ninguém.


Ao passar por aqui, meu bom amigo, quero que minha visita lhe seja útil. Espero um dia poder lhe encontrar pessoalmente, "cara a cara". Passei por aqui agora, por esse parecer ser o momento mais oportuno. Eu também tenho lá os meus defeitos, e você os conhecem bem.

E, um último conselho, mesmo depois de tudo aquilo que lhe falei: Seja sempre aquilo que sempre foi, só procure melhor mais e mais a cada dia. Não desista dos seus sonhos, nem daquilo em que acredita.


O homem não é nada além daquilo que ele acredita ser.


Um grande abraço!

Carinhosamente,

Sua consciência (ou seria seu inconsciente?).

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Quanto mais gente em volta, maior a solidão do homem











Segundo o US Census Bureau, órgão do governo dos EUA que faz a contagem da população daquele país e mantém estimativas sempre atualizadas sobre a população mundial, entre 1º e 30 de maio próximo a população mundial atingirá o cabalístico número de 6.666.666.666 seres humanos vivendo sobre este planeta.

E quem dentre esses 6.666.666.666 de pessoas poderá dizer a verdade absoluta sobre a natureza humana, a verdade inquestionável, irrefutável, aquela que não deixará dúvidas nem margens ao questionamento?

Quem se proporá a responder a esta pergunta?




Sociólogos, antropólogos , cientistas, teólogos e filósofos.
Quem pode nos dizer qual a real natureza do ser humano?

Claro que esta é uma pergunta retórica e sem resposta...ou pelo menos sem consenso.

Mas as pessoas não podem deixar passar desapercebida uma questão como esta, e eu certamente, me considero uma dessas pessoas que não deixam passar tal questionamento...ainda que isso na prática, não nos leve a lugar algum, mas já me serve para situar meu lugar neste mundo.




Entre tantas outras questões que eu poderia levantar aqui e agora sobre a natureza humana, vou levantar uma bem peculiar, e diria até paradoxal: Em plena era da propagação da informação, dos meios de comunicação em massa e instantanea como a telefonia celular e a internet, que tem "ligado" cada vez mais e mais pessoas mundo a fora, o homem (ou você) não tem tido a nítida impressão de viver cada vez mais só, e encontrado cada vez menos "pessoas em comum"?

Bom, essa é uma pergunta que eu até gostaria de obter a opinião de quem por aqui passar casualmente. A reflexão é a seguinte: Depois de um certo tempo, depois de se deparar diante de "tanta gente especial" com tantas "mensagens especiais" (isso na internet, claro, lançando mão do maravilhoso recurso que transforma a todos nós em poetas: o famoso Ctrl V, Ctrl C), você não tem se sentido meio frustrado com a virtual facilidade de "fazer amigos" e "conhecer pessoas" tanto quanto no modo convencional - "o cara a cara, boca a boca"?

"Nada substitui o talento natural" - em outras palavras, quem é legal é legal porque realmente o é".

E o homem, como quem vaguei numa escuridão eterna, continuará sua jornada procurando um "semelhante", aquele "algo em comum" que lhe dê a impressão de que não está sozinho nesta caminhada.




Como havia dito antes, eu poderia despejar aqui uma tonelada de questões que atormentam a humanidade em torno de sua naturaza a séculos, mas, acho que essa talvez seja a que mais tem a ver com o nosso atual momento - Informação/Pessoas: alta quantidade vs baixa qualidade.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

"Enquanto isso..."

E se nesse meio tempo, nesses quatorze dias mais ou menos em que fiquei ausente, alguém que por acaso aqui passasse se perguntasse: "Ué, o blog já acabou? Cadê as postagens? Cadê os textos? Era só isso?"


Na verdade, andei meio distante, mas não ausente (ou talvez seja a ordem inversa? Tanto faz)...andei colhendo experiências, "vivendo" um pouco, vendo "outras mazelas", que não as coutoenses...e fiquei pasmo...seria o mundo todo uma grande mazela infinita e expansão?



Ah, caro ou caros leitores, ainda que esporádicos, meio que sem ter o que fazer, talvez, resolvam "passar" aqui pelas minhas idéias, devo confessar a você e com bastante gosto, não dá pra não escrever, não dá para não tentar se expressar. Ainda que ninguém leia, ou ninguém responda, ou leve em conta...tenho visto muitas coisas, boas e ruins. E não dá pra não compartilhar. Disse que tinha prazer? Perdão, era pra dizer "pezar"!



Isso por quê por alguns dos lugares que andei - que não foram muitos, pude observar e constatar que aquilo que se aplica aqui, no lugar aonde estou agora, também se aplica lá, onde quer que seja o "lá" - só que numa escala bem maior. Mas tudo bem ("tudo bem" claro, é modo de falar, nunca estará "tudo bem"). Você pode se perguntar: "mas por onde é que ele andou"? No semi-árido nordestino, Iraque, Brasilia, Rio de Janeiro, Washington?!!!


Não deu pra ir tão longe, também nem precisava, né.


Mas, por onde andei também fui feliz. Por exemplo, andei visitando minhas outras duas mulheres - Calma, já explico!


Fui visitar minha esposa e filha - a "outra" mulher é minha mãe...não tem mais espaço pra outra tipo de mulher em minha vida.


E lá, perto das minhas duas mulheres (agora bem esclarecidas e nomeadas), foi muito bom. Para quem consegue desfrutar desses momentos, não há nada melhor. Mas, falar dessa parte, é tarefa pr'aquela coluna do blog " O diário de um homem grávido" e em tempo oportuno. Esses momentos assim são realmente ímpares, e merecem total dedicação.


E talvez por estar envolto no encanto da "pré-paternidade", deixei um pouco de lado o olhar crítico...então, virei as caras pras mazelas cotidianas e onipresentes.


Mas, num dos outros lugares onde estive, DEUS! Aquilo sim é realmente triste...a embriaguez moral e o enterro "quase" que total dos valores, das virtudes, impera (parei aqui no dia 07 de maio). E por favor, caro leitor, não venha me chamar de pessimista ou negativo - só pra lembrar o nome do blog começa com a palavra MAZELA, hã?!!!
Claro que eu vejo as coisas boas da vida, nesse exato momento, estou vivendo meu segundo dia como pai, de uma mocinha que graças a Deus (sim, eu acredito nele) nasceu com saúde. Mas, nem por isso, vou achar que o mundo é uma maravilha, etc.
Viva o que a vida tem de bom, claro. Mas, não feche seus olhos nem vire a cara pra realidade humana. O que é bom, pode ficar melhor - será mesmo? Podemos pelo menos lutar pra melhorar algo...deixar as marcas de nossa passagem aqui.
P.S.
Estou realmente muito feliz.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O Ultimo discurso...

O último discurso

de “O Grande Ditador”

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

terça-feira, 15 de abril de 2008

"O diário de um homem grávido" - Um pai de primeira viagem









Indo "violentamente" contra a natureza e razão de ser deste blog, hoje em especial, abro um parêntesis. Crio aqui uma seção que diferentemente das outras, não vai expressar nenhum tipo de revolta, repúdio, indignação...etc, etc, etc...nada disso. Especialmente hoje, nesta data, abro minha contagem regressiva, para de acordo com nossas previsões, daqui há mais ou menos trinta dias, abrirmos (quando falo no plural, refiro-me à minha esposa e eu) um parêntese ainda maior: o nascimento de nossa primeira filha. Desde o momento em que soube, nunca parei para pensar e transformar em palavras a alegria que tenho sentido por esse momento pelo qual estou vivendo - especialmente por me tornar pai em breve. De certo que não é das tarefas mais simples expressar em palavras um sentimento tão grande, tão sublime, tão único e que estranhamente, por mais feliz que me encontre não possa definí-lo. Mas, posso falar da minha expectativa, dos planos que são meus, mas que não são pra mim, são pra ela - e que sei que nem deveria estar pensando assim, em planejar a vida de uma outra pessoa. E, na verdade não o farei. Vou me limitar a fazer planos para que essa pessoinha que está chegando, possa ter todas as condições de realizar seus próprios planos. E, aí sim, entra sem dúvida o dedo dos pais. Como todo bom pai (e este será sem dúvida uns dos meus maiores desafios - ser um bom pai), quero o melhor para meus filhos. Resta-me a árdua missão de fazer o possível e o impossível para que isso ocorra. Mas, deixemos de lado esses "detalhes técnicos".Falemos agora da parte boa - da babação, dos mimos, da minha testa que franze sempre que um engraçadinho me chama de sogrão (risos/testa franzida já). Como disse, o nosso parto está previsto para daqui a trinta dias, mais ou menos. E, a esta altura, a ansiedade já começa a dar as caras, mas tudo bem, sou do tipo que não perde a calma nem o controle - verdade que nunca tive um filho antes, mas... Acredito que não será tão difícil assim daqui até o grande dia. Já compramos algumas coisas que serão necessárias de imediato, na verdade a mãe dela comprou mais coisas, mulher se envolve mais nesses casos, né...Mas, dadas as "condições orcamentárias", eu estou sempre de olho em algo que ela possa vir a precisar (ela a bebê). Mas, homem é totalmente sem noção nesses casos (ou pelo menos eu sou - confesso). A palavra de ordem para mim tem sido "fraldas descartáveis" e "leite em pó"...elas não saem da minha cabeça. Mas, como sempre a mulher tem mais razão nesses casos, e eu estou sempre ouvindo a voz da razão - que nesse caso, atende pelo singelo nome de Josana Duarte. Se bem que eu poderia muito bem estender a analogia a inúmeras outras coisas - ela literalmente tem sido a minha razão maior. Elas têm sido. Não. Elas são. Fico aqui me perguntando como será a experiência de ser pai - ainda mais pra mim que tendo a dar sempre uma dimensão maior às coisas do meu cotidiano - se bem que desta vez, é a melhor coisa a fazer. Esta é minha prioridade, está é a minha palavra de ordem, hoje. Ana Beatriz.
Uma pessoa que ainda nem chegou aqui, do lado de fora, mas que já me trouxe sem dúvida alguma inúmeras mudanças.
Bom, é isso aí.
A título de introdução desta seção e para um eventual esclarecimento para o "o diário de um homem grávido", acho que já está de bom tamanho. A princípio, só penso em relatar as coisas mais importantes em relação a este artigo nos próximos trinta dias (na verdade até o nascimento e alguns dias depois) que virão.
Fico por aqui.


Jefferson R. Lima - Um pai de primeira viagem

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Quando eu partir...




Quando eu partir, vou por inteiro...
meu olhar, minha voz, meu sorriso, meu cheiro.
Quando eu partir, vou sem remorsos, vem remexer em ossos.

"Cada um tem um tempo determinado para marcar sua passagem aqui nesta terra, nesta vida. Talvez, nessa época eu não tenha feito tudo aquilo que deveria, mas tenho que confessar...EU FUI FELIZ. Fui feliz o máximo que me fora permitido ser: Amei ( até o último momento, o último suspiro, até a uma gota de vida que havia em mim), . E como sorri com meus amigos, ora deles, ora com eles e oras de mim mesmo. Tentei (sei que não o suficiente, talvez, talvez pudesse ter feito mais) ajudar e servir aos outros. Sem distinção nem interesse. Sem esperar recompensas nem agradecimentos...simplesmente o fiz. E como fazia parte dos "planos", pequei.


Quando eu partir, não quero choro, nem tristeza. Muito menos desespero. Isso tudo passa. Quero sim é ter perto de mim aqueles que sempre estiveram comigo: família, amigos, enfim...minhas maiores paixões.

Quando eu partir, não é pra sempre...
Porque " o pra sempre sempre acaba" - como dizia aquela canção.

Quando eu partir, não vou chorando, vou sorrindo...como um menino que pregou-lhe uma peça.

Quando eu partir, não deixo nada. Levo comigo a saudade, levo comigo as lembranças. Partirei por inteiro, mas algo de mim fica aqui. No sorriso solto à toa, no brilho opaco no olhar, também nas minhas mazelas, por que essas não quero levar.

Quando eu partir, tudo bem...eu parto sem me queixar, pois parto pra estação onde no mesmo trem que eu partir, um dia vou te esperar.





Por:
Jefferson R. Lima


segunda-feira, 7 de abril de 2008

Meu País...by Zé Ramalho






Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo



Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram - se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país
Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país
Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país
Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio - x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o Brasil em mil Brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país


Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo